quarta-feira, 9 de junho de 2010

Unindo esforços para a conservação da biodiversidade (por Marco Aurélio Pereira)



Gostaria de compartilhar minhas experiências enquanto mestrando em Conservação e Sustentabilidade, o primeiro mestrado profissional em Ecologia do país, pelo IPÊ- Instituto de Pesquisas Ecológicas. Ao ingressar nesse programa de pós-graduação, deparei-me com uma proposta completamente inovadora e desafiadora: aliar teoria à prática,ou seja, desenvolver um produto, ao final do curso, que tivesse a finalidade de, através do conhecimento acadêmico, trazer solução a algum problema ambiental emergentes.

Hoje, todos nós temos ciência que a poluição, a degradação dos ecossistemas, o desmatamento, a extração excessiva de recursos naturais, o consumismo, o uso irracional da água, o uso de agrotóxicos ou fertilizantes, a explosão demográfica, o aquecimento global, entre outros, estão colocando as populações do planeta em situaçãobastante vulnerável, reforçando a miséria, a perda da qualidade de vida, a perda da biodiversidade, a extinção de espécies e a perda dos serviços ecossistêmicos.

Mas o que são serviços ecossistêmicos? Alguma vez paramos para pensar qual é a importância do equilíbrio do ciclo da água na natureza? E dos insetos ou pássaros polinizadores? E das funções desenvolvidas pelas florestas? Como sobreviveríamos sem todos esses elementos essenciais para as populações? Os serviços ecossistêmicos nada mais são que as funções inestimáveis e imprescindíveis que a natureza sustenta através de relações dinâmicas que mantém os ecossistemas. Visando preservar essas relações, estão ocorrendo, frequentemente, discussões e reuniões locais, regionais, nacionais e internacionais, na tentativa de propor estratégias que possibilitem mitigar os problemas ambientais.

No entanto, ainda temos uma lacuna: como aliaro conhecimento produzido à efetiva resolução dos problemas? Foi, então, que me deparei com a proposta de mestrado profissional em Ecologia, que conta com uma estrutura de curso diferenciada, tendo o objetivo de formar líderes em conservação e sustentabilidade, com embasamento transdisciplinar para influenciar tomadores de decisões em questões ambientais, sejam eles dos segmentos público, privado ou terceiro setor.

O curso me fez refletir e compreender que estamos em tempos de transformações e que as mudanças são urgentes. Mas para que isso ocorra, precisamos, também, estimular a aquisição de uma nova ética e valores ambientais, assentados em paradigmas reformulados quanto aos recursos naturais, pois os componentes naturais são matéria prima para o desenvolvimento das sociedades, havendo, portanto, que se estabelecer limites, para que não se exceda a capacidade de suporte do planeta. Além disso, é necessário, ainda, viabilizar práticas que envolvam o crescimento sócio-econômico, respeitando a diversidade dos sistemas naturais do planeta, bem como a estrutura e função dos ecossistemas que se ressentem da inversão de valores sociais e da fragilidade imposta pela falta de ética ambiental.

Desta forma, para que possamos obter resultados ambientalmente mais expressivos, uma vez que há urgência, são necessários esforços conjuntos. O conhecimento adquirido precisa estar atrelado às medidas práticas que contribuirão para desenvolver ações que sejam economicamente viáveis, ecologicamente aceitáveis e socialmente justas, contribuindo com a conservação ambiental, proporcionando a melhoria da qualidade de vida às populações.



Marco Aurélio Pereira, biólogo, graduado pela Universidade Camilo Castelo Branco, mestre em Conservação da Biodiversidade e Desenvolvimento Sustentável pela Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade – ESCAS, vinculada ao IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas.Foi bolsista do Programa Internacional de bolsas de pós-graduação da Fundação Ford - turma 2007. Em 2010, defendeu dissertação de mestrado intitulada: Viabilidade de Manejo Comercial em Reserva Legal no Pontal do Paranapanema com ênfase em aspectos ambientais, sociais e econômicos.

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